Sobre coisas boas
Certa vez, em uma das minhas consultas com o psicólogo, reclamei sobre como andava desanimada e irritada. Ele ouviu todo aquele lamento com paciência e atento a todos os detalhes, e então me recomendou caminhar um pouco todos os dias pela manhã. Eu não entendi muito bem o que ele quis ao recomendar caminhadas, mas decidi começar na manhã que se seguiu. Era um dia de sol, por volta das 8h e havia uma brisa muito agradável. Levei meu mp3, afinal, não consigo caminhar sem escutar música. Depois de algumas voltas, meu corpo já começou a dar sinais de preguiça. Então respirei fundo e me obriguei a continuar. Pra me distrair, além da música, fui observando o que estava no meu trajeto. Haviam algumas flores, aquelas amarelinhas parecidas com margaridas, umas vermelhas com um cabinho na ponta e olho-de-boneca (porque ela parece um olho, é uma roxinha). Olhando aquelas flores, algumas no barranco, comecei a lembrar da minha infância e de quanto adorava correr por ali, pegar as flores - ora pra fazer um agrado pra mãe, ora pra enfeitar meu cabelo. Abaixei o volume da música e pude escutar o canto dos passarinhos e até a reclamação do quero-quero. Parei e fechei os olhos por um momento e senti os raios de sol sobre minha pele, a brisa suave no meu rosto e o perfume daquela manhã. Voltei a caminhar e avistei uma joaninha, despreocupada, em um dos arbustos próximos a mim. Peguei o celular e tentei fazer uma foto, porém não ficou como eu esperava. Algumas pessoas também caminhavam por ali e, provavelmente, pensavam que eu estava ou louca ou apaixonada, por caminhar sorrindo e às vezes, rindo mesmo de todas as lembranças e situações.
Contemplar o meio a minha volta e poder sentir a vida seguindo seu rumo, me fez ficar tão bem e por aquele momento, nem lembrei do desânimo dos dias anteriores. E foi naquela manhã, e em outras que se seguiram, que pude perceber: a felicidade está nos pequenos detalhes e nos breves momentos que paramos para apreciar a natureza à nossa volta.


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